Finalmente consegui arranjar um par de horas sossegadas à frente do computador para finalizar a minha avaliação das Vespas restauradas no Vietname vendidas pela empresa Minipeças. Tentei ser o mais objectivo possível e apoiar-me apenas em factos e observações, sem preconceitos ou piadas fáceis. Dividi esta análise em vários capítulos, cada um deles focado num aspecto diferente das Vespas em questão.
Não tive oportunidade de andar em nenhuma destas Vespas ou de as desmontar- apenas retirei a tampa do motor- mas estou convencido que as observações resultantes são, mesmo assim, significativas. Enviei este texto aos responsáveis da Minipeças para lhes dar a oportunidade de contra-argumentarem as minhas conclusões, e os seus comentários aparecerão no fim. Agradeço-lhes novamente a sua disponibilidade em me receberem e o tempo dispensado.
ORIGINALIDADE:
Restaurar uma Vespa é colocá-la num estado exactamente igual ao do dia em que saiu da fábrica. Estas Vespas podem estar recuperadas/ arranjadas/ reconstruídas/ o que lhe quiserem chamar, mas a denominação “restauradas” não se aplica. O desvio do estado original existe não apenas ao nível da pintura, decoração e acabamentos, mas também na própria identidade do modelo: Vespas de roda 8 foram modificadas para roda 10 e máquinas mais modernas foram modificadas para se parecerem com modelos de “guiador de bicicleta”.
Esta falta de originalidade não é uma desvantagem automática visto que muitas pessoas apenas procuram uma Vespa vistosa não dando grande importância às especificações de fábrica, e até preferem algo único e customizado. No entanto, estes modelos híbridos sem identidade definida não têm nenhum valor de coleccionismo e só com dificuldade poderão ser revertidos ao seu estado original.
ESTÉTICA:
Este é um campo subjectivo e cada um terá que desenvolver a sua própria opinião. A minha opinião subjectiva e individual: são feias.
QUALIDADE:
Um dos responsáveis da Minipeças considerou a qualidade do trabalho mecânico da reconstrução destas Vespas como alta. A minha avaliação é exactamente oposta: fraca. A quantidade de pormenores indicadores de mão-de-obra fraca e desleixada é numerosa demais para listar: desde parafusos e borrachas incorrectos até forquetas e punhos pintados por cima o que indica que nunca foram desmontados nem revistos. As fixações modificadas dos cabos do travão dianteiro, por exemplo, onde o pino que segura as chapas de fixação do cabo tinha sido substituído em várias máquinas por um parafuso muito menos forte, é uma falha enorme ao nível da segurança que poderia ser corrigida com peças que valem umas dezenas de cêntimos.
A pintura aparenta ser saudável à primeira vista mas, mais de perto, notavam-se estaladelas e uma quantidade exagerada de betume; esta última aponta, invariavelmente, para atalhos no trabalho de chaparia. Um dos responsáveis ofereceu a justificação para estas falhas que estas seis Vespas eram as restantes dum lote de vinte e duas, e que já não eram a primeira escolha; 6 em 22 é mais de 25%, uma percentagem bastante grande de exemplares inferiores, na minha opinião. A qualidade das peças de substituição utilizadas variava bastante entre o adequado e o medíocre; notava-se a reutilização de muitas peças velhas.
PREÇO E DISPONIBILIDADE:
O preço destas Vespas rondava os 4500 euros, com legalização já incluída. Por este valor pode-se perfeitamente adquirir uma Vespa nacional e enviá-la para uma oficina experiente em Portugal que fará um trabalho de qualidade segundo as nossas especificações, incluindo customizações de cores e acessórios cromados. Se não quisermos investir tempo e esforço a adquirir uma scooter velha e a acompanhar o processo de restauro, a disponibilidade imediata destes restauros Vietnamitas é conveniente; no entanto, esta disponibilidade não é exclusiva já que nos classificados abundam Vespas nacionais recuperadas com preços até inferiores.
GARANTIA:
Não existe qualquer tipo de garantia oficial já que se trata duma venda de particular a particular. O vendedor exprimiu a sua disponibilidade em tentar resolver qualquer avaria que possa suceder, e informou que a única avaria registada até então tinha sido um afinador partido. Quando inquirido acerca da maior quilometragem efectuada por uma destas Vespas importadas, a resposta foi “centenas e centenas de quilómetros” o que, na minha opinião, é uma distância insuficiente para aferir da fiabilidade (ou falta dela) destas máquinas.
CONCLUSÃO:
Se existem recuperações de qualidade a virem do Sudoeste Asiático, estas não fazem parte deste grupo. Por todo o lado se encontram indicações de atalhos incompatíveis com uma recuperação completa e cuidada, falta de atenção aos pormenores e falhas básicas de mecânica; as fixações dos cabos do travão dianteiro observadas tornam estas Vespas perigosas para o condutor, passageiro e qualquer utente da via pública. Não há razão para pensar que o nível de qualidade nas zonas fora de vista ou no motor seja diferente.
Exceptuando a disponibilidade imediata e a escolha entre várias máquinas garridas e vistosas, não consigo encontrar nenhuma vantagem em adquirir um destes “Vietbodges”: a sua qualidade é fraca atravessando a fronteira para o perigoso; o preço é muito elevado; a identidade original dos modelos, alguns até coleccionáveis, é eliminada; está-se a comprar a uma empresa que se dedica à venda de peças para Minis e que não é especializada em Vespas nem está ligada à cena scooterista nacional, limitando-se a importá-las.
A minha recomendação em relação a estas Vespas específicas e aos Vietbodges em geral continua a mesma: não comprem nem deixem ninguém comprar. Se estão interessados em gastar 4500 euros dirijam-se a uma oficina de restauros experiente e estabelecida que vos entregará uma Vespa nacional de qualidade muito superior capaz de longos anos de serviço, e não uma Vespa duvidosa cheia de betume montada no Terceiro Mundo por um desconhecido que prefere poupar cêntimos a garantir a segurança e fiabilidade do seu produto.
"No uso do seu direito de resposta a Minipeças – Unipessoal, Lda., vem tecer as suas considerações, acerca das conclusões técnicas e especializadas retiradas pelo Sr. sobre as nossas vespas que pôde inspeccionar com toda a liberdade e cordialidade com que a Minipeças sempre recebe qualquer cliente, fornecedor, ou qualquer outra pessoa nas suas humildes instalações.
Apesar do Sr. ser um especialista nas duas rodas, nomeadamente nas vespas, não pode de modo algum obnubilar ou diminuir a formação, informação e competência da Minipeças no panorama dos clássicos em Portugal. Pode referir-se um simples dado estatístico segundo o qual a Minipeças foi em 2007, 2008 e primeiro trimestre de 2009 o maior importador do mundo de peças e acessórios para minis, a partir do Reino Unido – dados fornecidos pela Minispares UK, Ltd.
Portanto, quanto a avaliar qualidade de restauro, fiabilidade e segurança, em clássicos, esta empresa fundada em 2003, na pessoa do seu único Sócio e Gerente, admite poucos ensinamentos. De resto, os milhares de clientes espalhados por este país, e que na sua grande parte são as oficinas de restauro de renome que o Sr. refere, que fazem os restauros de originalidade impar, não deixarão de o confirmar.
Poderá certamente o leitor concluir, como o Sr. Hugo, que uma pessoa que se especializou nas quatro rodas, não terá a mesma sensibilidade ou preocupações a nível de segurança no que concerne às duas rodas, como se não fosse tão grave falhar a travagem num veiculo onde vai o condutor e toda a família, como num em que apenas circula o condutor e, eventualmente um pendura.
Neste âmbito, urge referir mais um dado histórico nas origens da Minipeças, que muitos poderão desconhecer ao lerem apenas a firma, mas que lhes soará familiar se conhecerem o respectivo sócio-gerente. Pois esta mesma pessoa que hoje comercializa peças para mini, iniciou a sua vida nos clássicos com apenas 16 anos, nos finais da década de 80, onde restaurava todo o tipo de motociclos clássicos. Durante toda a década de 90, comprou, restaurou e vendeu largas centenas de motos, na sua grande maioria provenientes do exército português, que ainda hoje circulam com o mesmo restauro com que saíram da sua modesta oficina. Até à presente data, ainda nenhuma ocorrência foi registada com tais veículos, pois sempre se primou por valores fundamentais como a fiabilidade e segurança, inicialmente nas motos e posteriormente nos minis e outros clássicos que a Minipeças comercializa e restaura.
Mas centrando-nos nas nossas vespas, cumpre dissipar a primeira ideia veiculada pelo Sr. Hugo. Pois o mesmo afirma que veio analisar as vespas sem qualquer preconceito e de espírito aberto. Ora, a contaditio nos termos é evidente, pois o preconceito é a única razão de ser da presente reportagem. De outra forma como se explica que este Sr. se predispunha a fazer várias centenas de Kilometros para vir ver as vespas, se não fosse por saber que eram de proveniência asiática e ter a ideia pré-concebida que as vespas restauradas naquela parte do globo são de baixa qualidade?! Se à sua primeira solicitação o tivéssemos informado de que as vespas vieram de Espanha ou de França, ou de qualquer outro país que não da Ásia, o interesse nas mesmas morria à nascença.
Como se nos países ditos desenvolvidos também não se trabalhe mal, e muitos dos que fazem os restauros também não dêem muitas voltas e reutilizem muito material para poupar no preço do restauro e ganharem mais na venda.
Parece que em países como o nosso, onde os restauros são de qualidade (pois não somos do terceiro mundo) também não existe a qualidade e excelência de um (permitam-me a publicidade) Manel das Vespas, e os sapateiros que fazem restauros deploráveis, que o Sr. Hugo melhor que ninguém relata no seu blog, nomeadamente com fotos de vespas expostas em locais e certames de renome.
Foi com este espírito e com a certeza de que em todas as partes do mundo existem bons e maus profissionais, que a Minipeças arriscou a importar primeiro uma, mais tarde duas, depois mais duas e por fim 18, vespas, sempre do mesmo exportador. Ao contrário de muitas pessoas que comercializam neste meio das duas rodas, mas que se limitam a especular sobre a qualidade dos restauros, mas que nunca se predispuseram a arriscar importar para poderem confirmar os boatos.
A qualidade das primeiras determinou a importação das segundas e assim sucessivamente. Note-se que a qualidade aqui foi paga, pois não nos compadecemos em importar as mais baratas, mas sim as que ofereciam melhores garantias de qualidade, o que viemos a confirmar. Assim, as nossas vespas estão longe de ser aquelas que se vêm anunciadas por quantias a rondar os $1.000,00 USD, daí que seja impossível comercializá-las por preço inferior ao que foi comunicado ao Sr. Hugo.
Por outro lado, aquando da visita do Sr. Hugo, as vespas que restavam eram efectivamente as ultimas e muitas tinham já algumas mazelas superficiais devido aos muitos quilómetros que têm percorrido nas deslocações para as feiras, exposições, bem como os testes a que foram submetidas para a legalização. Contudo, nenhuma vespa é entregue sem uma inspecção final e qualquer pormenor em falta é solucionado, ou o preço reajustado com o cliente.
Para concluir, até à presente data, cada cliente tem sido um amigo, e se naquela data as vespas vendidas tinham ainda poucos Km’s hoje algumas já têm milhares e nunca houve qualquer problema ou reclamação e, felizmente, ainda não partiu nenhum parafuso do travão que provocasse o despiste ou acidente de alguém… de resto até é estranho que nem de uma espia partida os clientes se têm queixado, quando como todos vós sabeis, elas partem tão facilmente… Será certamente porque as peças aplicadas nestas vespas são as mesmas que todos vós comprais nas lojas da especialidade, pois apesar de haver muita vespa a circular e a restaurar, o volume delas, enquanto clássicos, não justifica que hajam várias fábricas abertas a produzir peças especificas, assim, tanto nas vespas, como em qualquer outro clássico, as peças vêem invariavelmente da mesma origem. Ou pensavam que os chineses não sabem escrever as palavras em italiano que vêm nas caixas das peças, mas depois têm por baixo Made in China, Taiwan, …, pois é, é que de facto a mão-de-obra lá é mais barata…. Muitos dos que já viram e compraram as nossas vespas são unânimes em afirmar que uma vespa com a qualidade do restauro destas em Portugal, custaria quase o dobro, atento o preço da mão-de-obra.
Despeço-me assim com os melhores cumprimentos, agradecendo ao Sr. Hugo a visita e a oportunidade de publicitar as nossas vespas no seu tão aclamado site/blog. Uma ultima palavra para os amantes da vespa - amantes de clássicos como nós – que não se deixem pautar por ideias pré-concebidas, do que é ou não aceitável, do que é ou não original, o que se pode fazer ou o que é proibido nisto dos clássicos. Reparem no orgulho com que as outras pessoas exibem os seus veículos personalizados, uns mais à época, outros mais modernizados, mas sempre e unicamente com paixão pelos mesmos. A vespa, como o mini, o beetle, o dois cavalos e a 4L, são os clássicos do povo, e o povo é a expressão da liberdade e da diferença – viva a diferença, a liberdade de expressão e o respeito pelos gostos e excentricidades de cada um.
Acabando como começa o Sr. Hugo, se restaurar é por o veículo como ele saiu da fábrica, então cada um de vós quando prepara a vespa para ir para a pintura está a cometer um atentado à originalidade, pois a única tinta que se poderá dizer original, é aquela que vocês acabaram de arrancar da mota e que já não volta mais…
Felicidades a todos, e já só cá temos 5 vespas… mas estão mais a caminho.
Minipeças – a Gerência " [ênfases do autor]
E prontos, aí têm. A resposta da Minipeças levanta pontos adicionais mas não vale a pena chicotear mais o cavalo. Já viram a coisa pelos dois lados, agora decidam vocês. O conjunto completo das fotos está aqui.
Não tive oportunidade de andar em nenhuma destas Vespas ou de as desmontar- apenas retirei a tampa do motor- mas estou convencido que as observações resultantes são, mesmo assim, significativas. Enviei este texto aos responsáveis da Minipeças para lhes dar a oportunidade de contra-argumentarem as minhas conclusões, e os seus comentários aparecerão no fim. Agradeço-lhes novamente a sua disponibilidade em me receberem e o tempo dispensado.
ORIGINALIDADE:
Restaurar uma Vespa é colocá-la num estado exactamente igual ao do dia em que saiu da fábrica. Estas Vespas podem estar recuperadas/ arranjadas/ reconstruídas/ o que lhe quiserem chamar, mas a denominação “restauradas” não se aplica. O desvio do estado original existe não apenas ao nível da pintura, decoração e acabamentos, mas também na própria identidade do modelo: Vespas de roda 8 foram modificadas para roda 10 e máquinas mais modernas foram modificadas para se parecerem com modelos de “guiador de bicicleta”.
Esta falta de originalidade não é uma desvantagem automática visto que muitas pessoas apenas procuram uma Vespa vistosa não dando grande importância às especificações de fábrica, e até preferem algo único e customizado. No entanto, estes modelos híbridos sem identidade definida não têm nenhum valor de coleccionismo e só com dificuldade poderão ser revertidos ao seu estado original.
ESTÉTICA:
Este é um campo subjectivo e cada um terá que desenvolver a sua própria opinião. A minha opinião subjectiva e individual: são feias.
QUALIDADE:
Um dos responsáveis da Minipeças considerou a qualidade do trabalho mecânico da reconstrução destas Vespas como alta. A minha avaliação é exactamente oposta: fraca. A quantidade de pormenores indicadores de mão-de-obra fraca e desleixada é numerosa demais para listar: desde parafusos e borrachas incorrectos até forquetas e punhos pintados por cima o que indica que nunca foram desmontados nem revistos. As fixações modificadas dos cabos do travão dianteiro, por exemplo, onde o pino que segura as chapas de fixação do cabo tinha sido substituído em várias máquinas por um parafuso muito menos forte, é uma falha enorme ao nível da segurança que poderia ser corrigida com peças que valem umas dezenas de cêntimos.
A pintura aparenta ser saudável à primeira vista mas, mais de perto, notavam-se estaladelas e uma quantidade exagerada de betume; esta última aponta, invariavelmente, para atalhos no trabalho de chaparia. Um dos responsáveis ofereceu a justificação para estas falhas que estas seis Vespas eram as restantes dum lote de vinte e duas, e que já não eram a primeira escolha; 6 em 22 é mais de 25%, uma percentagem bastante grande de exemplares inferiores, na minha opinião. A qualidade das peças de substituição utilizadas variava bastante entre o adequado e o medíocre; notava-se a reutilização de muitas peças velhas.
PREÇO E DISPONIBILIDADE:
O preço destas Vespas rondava os 4500 euros, com legalização já incluída. Por este valor pode-se perfeitamente adquirir uma Vespa nacional e enviá-la para uma oficina experiente em Portugal que fará um trabalho de qualidade segundo as nossas especificações, incluindo customizações de cores e acessórios cromados. Se não quisermos investir tempo e esforço a adquirir uma scooter velha e a acompanhar o processo de restauro, a disponibilidade imediata destes restauros Vietnamitas é conveniente; no entanto, esta disponibilidade não é exclusiva já que nos classificados abundam Vespas nacionais recuperadas com preços até inferiores.
GARANTIA:
Não existe qualquer tipo de garantia oficial já que se trata duma venda de particular a particular. O vendedor exprimiu a sua disponibilidade em tentar resolver qualquer avaria que possa suceder, e informou que a única avaria registada até então tinha sido um afinador partido. Quando inquirido acerca da maior quilometragem efectuada por uma destas Vespas importadas, a resposta foi “centenas e centenas de quilómetros” o que, na minha opinião, é uma distância insuficiente para aferir da fiabilidade (ou falta dela) destas máquinas.
CONCLUSÃO:
Se existem recuperações de qualidade a virem do Sudoeste Asiático, estas não fazem parte deste grupo. Por todo o lado se encontram indicações de atalhos incompatíveis com uma recuperação completa e cuidada, falta de atenção aos pormenores e falhas básicas de mecânica; as fixações dos cabos do travão dianteiro observadas tornam estas Vespas perigosas para o condutor, passageiro e qualquer utente da via pública. Não há razão para pensar que o nível de qualidade nas zonas fora de vista ou no motor seja diferente.
Exceptuando a disponibilidade imediata e a escolha entre várias máquinas garridas e vistosas, não consigo encontrar nenhuma vantagem em adquirir um destes “Vietbodges”: a sua qualidade é fraca atravessando a fronteira para o perigoso; o preço é muito elevado; a identidade original dos modelos, alguns até coleccionáveis, é eliminada; está-se a comprar a uma empresa que se dedica à venda de peças para Minis e que não é especializada em Vespas nem está ligada à cena scooterista nacional, limitando-se a importá-las.
A minha recomendação em relação a estas Vespas específicas e aos Vietbodges em geral continua a mesma: não comprem nem deixem ninguém comprar. Se estão interessados em gastar 4500 euros dirijam-se a uma oficina de restauros experiente e estabelecida que vos entregará uma Vespa nacional de qualidade muito superior capaz de longos anos de serviço, e não uma Vespa duvidosa cheia de betume montada no Terceiro Mundo por um desconhecido que prefere poupar cêntimos a garantir a segurança e fiabilidade do seu produto.
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"No uso do seu direito de resposta a Minipeças – Unipessoal, Lda., vem tecer as suas considerações, acerca das conclusões técnicas e especializadas retiradas pelo Sr. sobre as nossas vespas que pôde inspeccionar com toda a liberdade e cordialidade com que a Minipeças sempre recebe qualquer cliente, fornecedor, ou qualquer outra pessoa nas suas humildes instalações.
Apesar do Sr. ser um especialista nas duas rodas, nomeadamente nas vespas, não pode de modo algum obnubilar ou diminuir a formação, informação e competência da Minipeças no panorama dos clássicos em Portugal. Pode referir-se um simples dado estatístico segundo o qual a Minipeças foi em 2007, 2008 e primeiro trimestre de 2009 o maior importador do mundo de peças e acessórios para minis, a partir do Reino Unido – dados fornecidos pela Minispares UK, Ltd.
Portanto, quanto a avaliar qualidade de restauro, fiabilidade e segurança, em clássicos, esta empresa fundada em 2003, na pessoa do seu único Sócio e Gerente, admite poucos ensinamentos. De resto, os milhares de clientes espalhados por este país, e que na sua grande parte são as oficinas de restauro de renome que o Sr. refere, que fazem os restauros de originalidade impar, não deixarão de o confirmar.
Poderá certamente o leitor concluir, como o Sr. Hugo, que uma pessoa que se especializou nas quatro rodas, não terá a mesma sensibilidade ou preocupações a nível de segurança no que concerne às duas rodas, como se não fosse tão grave falhar a travagem num veiculo onde vai o condutor e toda a família, como num em que apenas circula o condutor e, eventualmente um pendura.
Neste âmbito, urge referir mais um dado histórico nas origens da Minipeças, que muitos poderão desconhecer ao lerem apenas a firma, mas que lhes soará familiar se conhecerem o respectivo sócio-gerente. Pois esta mesma pessoa que hoje comercializa peças para mini, iniciou a sua vida nos clássicos com apenas 16 anos, nos finais da década de 80, onde restaurava todo o tipo de motociclos clássicos. Durante toda a década de 90, comprou, restaurou e vendeu largas centenas de motos, na sua grande maioria provenientes do exército português, que ainda hoje circulam com o mesmo restauro com que saíram da sua modesta oficina. Até à presente data, ainda nenhuma ocorrência foi registada com tais veículos, pois sempre se primou por valores fundamentais como a fiabilidade e segurança, inicialmente nas motos e posteriormente nos minis e outros clássicos que a Minipeças comercializa e restaura.
Mas centrando-nos nas nossas vespas, cumpre dissipar a primeira ideia veiculada pelo Sr. Hugo. Pois o mesmo afirma que veio analisar as vespas sem qualquer preconceito e de espírito aberto. Ora, a contaditio nos termos é evidente, pois o preconceito é a única razão de ser da presente reportagem. De outra forma como se explica que este Sr. se predispunha a fazer várias centenas de Kilometros para vir ver as vespas, se não fosse por saber que eram de proveniência asiática e ter a ideia pré-concebida que as vespas restauradas naquela parte do globo são de baixa qualidade?! Se à sua primeira solicitação o tivéssemos informado de que as vespas vieram de Espanha ou de França, ou de qualquer outro país que não da Ásia, o interesse nas mesmas morria à nascença.
Como se nos países ditos desenvolvidos também não se trabalhe mal, e muitos dos que fazem os restauros também não dêem muitas voltas e reutilizem muito material para poupar no preço do restauro e ganharem mais na venda.
Parece que em países como o nosso, onde os restauros são de qualidade (pois não somos do terceiro mundo) também não existe a qualidade e excelência de um (permitam-me a publicidade) Manel das Vespas, e os sapateiros que fazem restauros deploráveis, que o Sr. Hugo melhor que ninguém relata no seu blog, nomeadamente com fotos de vespas expostas em locais e certames de renome.
Foi com este espírito e com a certeza de que em todas as partes do mundo existem bons e maus profissionais, que a Minipeças arriscou a importar primeiro uma, mais tarde duas, depois mais duas e por fim 18, vespas, sempre do mesmo exportador. Ao contrário de muitas pessoas que comercializam neste meio das duas rodas, mas que se limitam a especular sobre a qualidade dos restauros, mas que nunca se predispuseram a arriscar importar para poderem confirmar os boatos.
A qualidade das primeiras determinou a importação das segundas e assim sucessivamente. Note-se que a qualidade aqui foi paga, pois não nos compadecemos em importar as mais baratas, mas sim as que ofereciam melhores garantias de qualidade, o que viemos a confirmar. Assim, as nossas vespas estão longe de ser aquelas que se vêm anunciadas por quantias a rondar os $1.000,00 USD, daí que seja impossível comercializá-las por preço inferior ao que foi comunicado ao Sr. Hugo.
Por outro lado, aquando da visita do Sr. Hugo, as vespas que restavam eram efectivamente as ultimas e muitas tinham já algumas mazelas superficiais devido aos muitos quilómetros que têm percorrido nas deslocações para as feiras, exposições, bem como os testes a que foram submetidas para a legalização. Contudo, nenhuma vespa é entregue sem uma inspecção final e qualquer pormenor em falta é solucionado, ou o preço reajustado com o cliente.
Para concluir, até à presente data, cada cliente tem sido um amigo, e se naquela data as vespas vendidas tinham ainda poucos Km’s hoje algumas já têm milhares e nunca houve qualquer problema ou reclamação e, felizmente, ainda não partiu nenhum parafuso do travão que provocasse o despiste ou acidente de alguém… de resto até é estranho que nem de uma espia partida os clientes se têm queixado, quando como todos vós sabeis, elas partem tão facilmente… Será certamente porque as peças aplicadas nestas vespas são as mesmas que todos vós comprais nas lojas da especialidade, pois apesar de haver muita vespa a circular e a restaurar, o volume delas, enquanto clássicos, não justifica que hajam várias fábricas abertas a produzir peças especificas, assim, tanto nas vespas, como em qualquer outro clássico, as peças vêem invariavelmente da mesma origem. Ou pensavam que os chineses não sabem escrever as palavras em italiano que vêm nas caixas das peças, mas depois têm por baixo Made in China, Taiwan, …, pois é, é que de facto a mão-de-obra lá é mais barata…. Muitos dos que já viram e compraram as nossas vespas são unânimes em afirmar que uma vespa com a qualidade do restauro destas em Portugal, custaria quase o dobro, atento o preço da mão-de-obra.
Despeço-me assim com os melhores cumprimentos, agradecendo ao Sr. Hugo a visita e a oportunidade de publicitar as nossas vespas no seu tão aclamado site/blog. Uma ultima palavra para os amantes da vespa - amantes de clássicos como nós – que não se deixem pautar por ideias pré-concebidas, do que é ou não aceitável, do que é ou não original, o que se pode fazer ou o que é proibido nisto dos clássicos. Reparem no orgulho com que as outras pessoas exibem os seus veículos personalizados, uns mais à época, outros mais modernizados, mas sempre e unicamente com paixão pelos mesmos. A vespa, como o mini, o beetle, o dois cavalos e a 4L, são os clássicos do povo, e o povo é a expressão da liberdade e da diferença – viva a diferença, a liberdade de expressão e o respeito pelos gostos e excentricidades de cada um.
Acabando como começa o Sr. Hugo, se restaurar é por o veículo como ele saiu da fábrica, então cada um de vós quando prepara a vespa para ir para a pintura está a cometer um atentado à originalidade, pois a única tinta que se poderá dizer original, é aquela que vocês acabaram de arrancar da mota e que já não volta mais…
Felicidades a todos, e já só cá temos 5 vespas… mas estão mais a caminho.
Minipeças – a Gerência " [ênfases do autor]
E prontos, aí têm. A resposta da Minipeças levanta pontos adicionais mas não vale a pena chicotear mais o cavalo. Já viram a coisa pelos dois lados, agora decidam vocês. O conjunto completo das fotos está aqui.
23 comentários:
Não preciso de ler mais...nem vou ver as outras fotos...basta-me a foto dos rolamentos de direcção pintados...
Um abraço
Deve ser preciso uma granda cunha para legalizar isso cá...que ficha de averbamento usam e respectiva designação de modelo?é que não tenho conhecimento de terem saído Super's de roda 10 (isto é so um exemplo)
AS fotos falam por si, mas o mais grave disto tudo é que continuam a ter mercado !
Vejam o comentário que um Australiano deixou na minha foto, teve que trocar TUDO no vietbodge dele:
http://www.flickr.com/photos/hugojcardoso/3595490391/
Depois de comprar uma Bina, o vietbodg é certamente a compra seguinte!
Ou não!
Tenho apenas a dizer que, vendo as imagens que comprovam irrefutávelmente a negligência, desconhecimento e poupança nos materiais utilizados, a resposta do vendedor não é propriamente válida...
Podem ser uma boa loja de peças para minis, podem ter bons mecânicos de Minis, e o seu fundador até pode ser um óptimo mecânico, infelizmente não foi este último que restaurou estas vespas, nem foram as peças originais fornecidas pelo vendedor que equiparam estas Vespas.
Apesar de ambos serem clássicos, cada um tem os seus segredos e são bastante diferentes no que toca a um restauro.
Se uma espreitadela exterior pode descobrir tantos erros de recuperação, nem imagino o que será quando se começar a desmanchar uma coisa dessas.
O mercado destas "vespas" é o do domingueiro, que ocasionalmente a leva até à praia e volta. Possivelmente a vela acaba por isolar e lá fica ela uma temporada na garagem... Assim realmente elas não chegam a dar problemas...
Ainda bem que não gosto de Minis restaurados.
Deve ser chato ter de fazer centenas de Km's para legalizar um veículo.
Desde que não se desmontem na primeira centena de Km's, até não haverá grande problema, pois o típico cliente destes candeeiros não fará muitos mais.
Enfim, resta-me rezar que não descubram as Heinkel
WTF!!!!!
"...as vespas que restavam eram efectivamente as ultimas e muitas tinham já algumas mazelas superficiais devido aos muitos quilómetros que têm percorrido nas deslocações para as feiras, exposições, bem como os testes a que foram submetidas para a legalização..."
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"...naquela data as vespas vendidas tinham ainda poucos Km’s..."
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Entre muitas outras coisas, esta foi a que me mais me apeteceu rir.
Então umas fazem muitos km e as
outras já não??
E as feiras? E a legalização?
Desligam o senfim é?
As imagens já nos dizem tanto (cada imagem já diz muito). Bob dispensava bem os teus comentários (como já disse as fotos dizem tudo) e evitavas ser visto como preconceituoso.
Abraço
Este post tem o grande mérito de apresentar as duas visões do problema. Nessa medida até é verdadeiro serviço público. Parabéns, por isso, ao seu autor.
Esclareço que nunca compraria uma Vespa destas. Mas, se não temesse pela questão da segurança, não me faria nenhuma confusão que se vendessem estas scooters. O que me decisivo aqui é que quem as compra saiba realmente o que está a adquirir. E, nessa medida, até é de louvar a atitude do vendedor, que aparentemente terá sido transparente, quando podia ter simplesmente evitado dar-se a conhecer.
No final, cada um fará o seu juízo e pensará pela sua cabeça. Com informação e com factos. Mais factual do que o que se pode ver nas fotos é difícil.
Concordo com as duas posições!
Em primeiro lugar com o BOB que alerta para o desrespeito á originalidade, ao rigor e mais importante aos aspectos de segurança no restauro de uma vespa. É por demais evidente ainda o mau gosto na "decoração" das vespas qeu se vêm nestas fotos.
Agora o outro lado da questão: se existem em Portugal clientes com aptência para estes exemplares (e existem muitos como sabemos) e se existem clientes mais preocupados no exibicionismo domingueiro de um modelo exclusivo do que uma simples Vespa orginal, trata-se de uma segmento de mercado que há que explorar e servir. É um negócio lícito que eu também faria desde que atendendo ao respeito dos padrões de segurança. Que seria das sandes de couratos se todo negócio fosse baseado num critério racional e de bom gosto???
Excelente reportagem, com as duas visões do assunto, embora a minha visão concorde com a do Bob.
Chamar ignorantes à Gerência Minipeças é um elogio....
Abraço continua o bom trbalho
Excelente trabalho Bob, o verdadeiro serviço público! E ainda valorizado com a presença da versão deste importador, que só reforça a imparcialidade do artigo.
Realmente só compra quem quer, e se uma pessoa se informar um pouco, por exemplo aqui, sabe ao que vai. Depois quando vierem as inspecções vai é que ser bonito...
Caro Hugo,
fico-lhe imensamente grato pelo serviço público que efectivamente presta.
Devo, aliás, confidenciar que em 2008 procurei uma Vespa usada e, mesmo sem ser um entendido no assunto, ao fim de visitar três oficinas com Vespas para venda, acabei por adquirir uma nova, precisamente porque presentia estar a ser enganado. Não desisti de ter uma clássica, mas só com muita confiança. E mesmo assim ...
aberraçoes !!!! "milhares de kilometros" ja feitos no Vietnam , pq aqui em Portugal nem ve-las a rolar por estas estradas ..
Está visto que com banha (da cobra), palavrinhas mansas e euros em barda, também se fazem bolos! A julgar pelas importações ditas, dos bons.
Milhares de quilometros nas Vespas têm muitos de nós, mas andamos todos os dias, não vamos só mostrar as Vespas reluzentes com borrachas translucidas e documentos martelados ao fim de semana e quando faz sol, ao café central!
Se têm experiência, não têm vergonha!
Enfim... pouco mais há a dizer.
Não sei se o mrlob (flickr) é o mesmo australiano que eu 'conheço' da net mas sei (li/vi) algures essa história, ou uma muito parecida: por fora (os vietbodge) são um 'regalo' para o olho não treinado quando surge um problema aparecem logo outras dezenas por arrasto.
Nessa história do "Australiano" e seu vietbodge (estive à procura nos bookmarks mas não encontrei) o tipo teve de ir até ao bare metal para encontrar um quadro feito de vários pedaços, nem todos do mesmo modelo. Há uma história parecida no stellaspeed (dubbed "the Bali experience", acho).
No motor/sist. eléctrico/mecânica é o que já se sabe e, normalmente, está mais à vista e não são menos deathtraps...
Em jeito de remate, tenho a certeza que não se está a pagar qualidade mas mais um funeral de gosto/estilo duvidoso. E caro, muito caro. Mais, mesmo que a qualidade não fosse sofrível - como sabemos que é - não se trata de uma vespa original/restaurada: muitas vezes nem de um modelo de fábrica se trata...
Em resposta aos importadores, acho que o pior sucateiro Português não conseguiria criar uma vespa com tão pouca qualidade/insegurança como as que falamos aqui.
Tenho pena de quem compra uma "vespa" dessas...
Incrível!! não dá para acreditar que pessoas menos escrupulosas,coloquem numa fasquia tão alta a autêntica sucatice dos restauros vietboges, desvalorizando a qualidade dos restauros nacionais.
j.m.l.s.
Realmente o Sr advogado Fernando escreve bem... mas não diz nada!!
Para amante de clássicos como se intitula, tem uns bons princípios. Como não poderia deixar de ser (advogado), também é mentiroso! não, não vamos generalizar, que me perdoem os outros... Então não é que me disse que as MOTAS, não Vespas, eram restauradas em Itália e agora venho a saber serem xinocas. Ai Ai, Sr. Fernando! leva tau tau.
PS. pelo pouco conhecimento que tenho, acho que não se colocar no mesmo saco a empresa dos minis. Mas... afinal, eles é que se juntaram!!
Uma Sprint,c/ tr de disco estava anunciada ainda hoje demanhã,19.07.09 c/ comentários nada abonatórios ao anunciante! que não deve de ter gostado,e o anúncio sumiu...... apagava os comentários deixava o anúncio.
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