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30.1.10

"Domibodge"

Já todos vimos na net fotografias que demonstram a verdade escondida por debaixo da tinta colorida e dos cromados brilhantes dos Vietbodges, mas é raro poder ver um ao vivo com esse detalhe. Hoje tive o desprazer de contemplar um bodge autenticamente dantesco em todo o seu esplendor, não Asiático mas originário da República Dominicana.

Mas a República Dominicana está a 20.000 quilómetros da Ásia, dizem vocês; há provas fotográficas abundantes que estamos a lidar com a mesma categoria de sucatice universal que se vê na Ásia. Voltando às fotos, devo dizer que estas não conseguem transmitir completamente a dimensão da podridão e a quantidade louca de remendos gangrenosos que afligiam esta pobre Vespa.


O guarda-lamas nem foi para decapar, de tão podre que estava. Uma camada absurdamente espessa de betume tornava-o lisinho e bonito de se ver, como acontecia ao resto das peças de chapa.


Esta "colecção de cromos" nem era metade dos problemas na traseira. Os remendos estavam simplesmente pousados por cima da chapa podre; espreitando por baixo viam-se os buracos respectivos, cada um deles mais disforme e assustador que o outro. Toda a zona da matrícula era um grande remendo, e o topo por trás do depósito estava todo afundado, com um buraco enorme no meio, e uma chaporra soldada a tapar tudo.


A zona do distintivo do avental, com uns nacos de chapa em cima. O betume espesso escondia tudo, incluindo as costuras e vincos típicos dum quadro de Vespa que ficaram completamente enterrados e invisíveis.


Um bocadito do chão. Assim de repente conto 5 remendos diferentes e dois tipos de solda. Não preciso de mostrar como estava por baixo, pois não?


O balon esquerdo era lixo. Em vários sítios era só buraco - devem ter ficado sem remendos...


Esta fez-me rir: o suporte do estofo do banco foi feito com fio eléctrico e bicha de travão velha!

Alguns continuam a achar que é uma boa oportunidade mandar vir uma Vespa de terras distantes, e têm o direito à sua opinião. Eu não vejo razão para preferir mandar vir uma máquina estrangeira duvidosa quando, pelo mesmo preço, podemos mandar fazer um restauro nacional a uma Vespa nacional, e acompanhar o processo com os nosso olhos. Sejam exigentes quando comprarem uma Vespa restaurada, qualquer que seja a sua origem!

[Edit: As jantes! Estavam podres E soldadas!]

1 comentário:

José Cruz disse...

Acho que essa Vespa, as fotos, eram da minha !

Estava muito muito má, trouxe por razões sentimentais, estive lá dois anos a trabalhar e não pude deixar lá a Vespa.

Depois do restauro ficou impecável !

Excelente trabalho da Ciclo - Foz

Abraço