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22.2.08

As Sagradas Escrituras do Garageiro Omnisciente

Lembram-se deste tipo, que se esqueceu de retirar as borrachas da bateria antes de mandar o quadro para pintar? Pois achei um caso semelhante, apresentando pormenores interessantes em quantidade e variação suficientes para justificarem uma segunda visita a tão incompreensível fenómeno. Sim, roubei descaradamente esta foto dum fórum vespista nacional. Se o autor respectivo desejar crédito, terei todo o gosto em fazer-lhe a vontade mas recomendo contra.

Por onde começar? Por onde começar? Vou imaginar que a tonalidade escolhida é na realidade algum branco copiado dum Ford Fiesta comercial, e que apenas parece azul-cuequesca na foto por causa do flash. A sucatice primordial, aquela que me atraiu como o cheiro de pão fresco e estaladiço acabado de sair do forno barrado com manteiga depois de 16 horas sem comer, é a tampa do rectificador pintada. Porque é que esta peça não foi retirada antes da pintura? Simples! A sua extracção necessita de três ferramentas especiais de fábrica da Piaggio extremamente raras e indisponíveis ao amador profissional: um polegar, um indicador, e um Q.I. acima de 30.

E, mesmo que a tampa fosse retirada do seu sítio tendo sido gastos nessa tarefa uns incomportáveis 7 segundos, o que dizer do rectificador que se esconde por baixo? Aquele que está fixo ao quadro por uma única e intimidante porca de 8mm ou algo semelhante? Nem pensar em separar o que as Divindades de Pontedera uniram! As Sagradas Escrituras do Garageiro Omnisciente contam a história de como o semi-deus Ascanio subiu aos montes para roubar a espada do terrível ogre Vietbodge e como, com o seu metal precioso, fundiu o primeiro quadro Vespa com o rectificador incorporado. Os Espíritos Métricos ficariam horrivelmente enfurecidos se o Homem tentasse separar o que Pontedera uniu. Uma maldição avassaladora assolaria todas as garagens durante 70 dias e 70 noites. Primeiro, uma chuva de areia decaparia todos os centímetros quadrados do quadro. Em seguida, uma chuva de zinco cobriria todo o seu aço. Por fim, uma camada de tinta brilhante revestiria esse metal, e nada mais que metal. Seria o Fim do Mundo, o Armagedão. Pois o quadro e o rectificador são um! Amaldiçoado seja o que os tentar dividir, e os seus filhos, e os cães dos seus filhos, e as pulgas dos cães dos seus filhos. "E ao vigésimo terceiro dia, Paolo apertou uma porca de orelhas com o polegar e o indicador. E essa porca selou o altar do Sagrado Rectificador para sempre. O que foi unido, jamais seja desmontado. Pinte-se por cima dos plásticos, das borrachas e dos parafusos."- Sagradas Escrituras do Garageiro Omnisciente, Livro de Ascanio, Capítulo VSB, versículos 13-17.

Ah sim, um dos furos das borrachas também é maior que os outros (?????) e o tabuleiro da bateria desapareceu. Ou são mais sucatices, ou deve ter sido algum protótipo secreto de competição da Piaggio com refrigeração e sistema eléctrico modificados. É, deve ser um protótipo.

2 comentários:

PE disse...

Fónix, men, este post tá bué da louco meu! :-)

Ads disse...

Louco é pouco, a parte da maldição está lindaaaaaaa!!

Ahahahaha!!
Esse Paolo era um porreiro...