
21.4.22
Porta-bicicletas numa T5
6.1.22
Tive que comprar um ventilador novo
A minha reparação da última posta não funcionou.
Isto já me aconteceu duas vezes: começo a ouvir uns grilos vindos do motor, só a baixas rotações, e os culpados são os ímans dentro do ventilador que ficam soltos. Tentei "recravá-los" com um punção e umas pancadinhas, mas funcionou só por uns meses.
Os barulhos voltaram, ainda piores desta vez.
O íman estava bastante desgastado e roçado, e já tinha encravado no prato de bobinas pelo menos uma vez.
Não fiquem assustados; compreendo que pareça uma avaria grave e desconhecida, mas é impossível um íman saltar fora a altas rotações por causa do força centrífuga, limita-se a chiar e roçar levemente a baixas rotações.
Também é uma avaria muito rara: já me aconteceu duas vezes, e em ambas as vezes em ventiladores Piaggio com 100.00 quilómetros. A não ser que tenham uma PX com perto de 100.000kms, eu não me preocuparia.
Eu, por outro lado, já vou no meu terceiro ventilador.
9.11.20
Duas avarias em simultâneo
As mudanças da PX estavam a funcionar mal, por isso fui investigar. Encontrei um cabo das mudanças a partir (não era isso) e uma folga enorme no bracinho do selector (era isso):
Ao olhar para as peças, não pude deixar de pensar que este era um design fundamentalmente errado, dada a área de contacto demasiado pequena para impedir o desgaste, e que algo podia ser feito para o corrigir. Aproveitei a hora de almoço e pus um bocado de aço-mistério no torno no emprego.
Abri um furo de 4,5mm (o diâmetro do pino) e criei um casquilhozito.
O pino não queria entrar, tive que massajar a coisa. O ideal teria sido uma broca de 4,6mm.
O casquilho ocupa o espaço vazio e aumenta a área de contacto, deste modo.
A seguir bastou dar uns pontinhos de solda para fixar o casquilho, deixando a broca barata no furo para obter alinhamento. A soldadura não ficou bonita; é uma peça pequena e o ideal teria sido TIG, eu só tinha MIG.
A soldadura deve ter retirado qualquer têmpera que a peça tivesse na zona do pino mas, como aumentei muito a área de contacto, não estou preocupado com isso.
Reconheci instantaneamente o problema, porque foi o que me aconteceu no ventilador original desta PX: um dos ímanes no interior estava solto. Este segundo ventilador também é peça original Piaggio e aconteceu o mesmo; aparentemente, só duram 100.000 kms. *encolher de ombros*
O meu palpite estava certíssimo, lá estava o malandro a mexer-se e ligeiramente raspado. Devo ter andado assim durante umas duas semanas até reparar no barulho :\. É o que dá ligar e desligar a Vespa com o capacete posto. Umas pancadinhas com o ponteiro depois, e o íman hiper-activo parece ter adoptado uma postura mais sedentária.
É o que dá andar todos os dias numa Vespa com 200.000 quilómetros. Não quero outra coisa.
19.4.20
PX de brinquedo
25.3.20
Como desapertar a porca do cubo
29.2.20
A 180SS do Carlos
O Carlos tinha uma SS. O Carlos vendeu a SS. O Carlos ficou triste por ter vendido a SS. O Carlos procurou outra SS. O Carlos encontrou outra SS.
No entanto, a passagem do tempo não tinha sido meiga para com esta espevitada motoreta transalpina, que se apresentava com a mecânica delapidada e o corpo putrefacto.
A chapa estava podre no chão, como é comum, e noutros sítios invulgares como por baixo da torneira e no fundo do porta-luvas. As alhetas do balon direito necessitavam substituição e os punhos estavam irredutivelmente colados ao guiador. Tudo isto foi reparado mas teve-se o cuidado de preservar ao máximo a pintura para propiciar um aspecto final muito particular.
A mecânica foi outra cordilheira montanhosa a transpor. A forqueta sofreu uma revisão completa e, na extremidade oposta, o motor exigia o mesmo. O Carlos tinha um motor de PX e um cilindro Pinasco 177 parados na prateleira, sobras de projectos passados, e estes foram rapidamente recrutados para substituírem o propulsor original.
Nenhuma modificação foi feita à SS para montar o motor novo e até a admissão de ar original da 180 foi mantida inalterada; o motor correcto está guardado e poderá ser remontado no futuro sem restar prova da sua ausência temporária.
O motor novo foi presenteado com um carburador 24, e com um veio do kicks diferente para poder receber um kicks dos anos 60 condizente à idade do veículo. Não serão necessários dotes de observação extraordinários para reparar no escape de rendimento e no amortecedor traseiro "rátátá" adicionados.
Vários outros componentes estão alinhados ligeiramente à esquerda do regulamentar, resultando numa scooter com um carácter único, meio vintage com um toque customizado. A pintura coçada com as suas reparações reluzentes seladas com verniz mate e as rodas originais em preto fosco adicionam ainda uma vibração "rat" a esta receita já de si exótica.
Temos assim um modelo icónico da casa de Pontedera não restaurado mas totalmente usável. Mantém muito da sua personalidade de clássico mas salpicado com toques personalizados que farão o Carlos sentir que esta é a "sua" Vespa. Melhor ainda, esta SS é uma machadada gloriosa na mentalidade do restauro automático e na ilusão colectiva de que o reluzente é que é bom.
Aprendamos a apreciar as Vespas coçadas e com patine e renunciemos aos falsos deuses da pintura fresca e dos cromados perfeitos. Ide rolar, meus filhos.
Este recomissionamento foi realizado na Oficina 240. As fotos são da autoria de Miguel Proença, e foram aqui reproduzidas com permissão.