Devem lembrar-se que no ano passado recebi uma encomenda da Nexx com coisas boas lá dentro. Pois bem, após um ano de uso intensivo os resultados estão prontos para publicação! (não dá para testar um capacete em duas semanas, é preciso usá-lo ao longo das quatro estações...)
foto Nexx
Este é o X.T1 e é um modelo de gama alta. Foi desenhado para um tipo de utilização que inclui motas de turismo e desportivas sem carenagem por isso funcionará bem nas velocidades e na posição corporal típicas das scooters. Existem várias cores lisas, brilhantes e mates, bem como decorações mais racing. Eu escolhi o meu na melhor cor do Universo, o preto-fosco.
O casco é realizado em materiais compósitos o que lhe dá um peso aproximado de 1450 gramas, perfeitamente aceitável. Há ainda uma versão em fibra de carbono, para quem desejar a máxima leveza e a máxima despesa. O formato deste capacete é um pouco oval (mais estreito da direita para a esquerda do que de trás para a frente) e encaixou-me muito bem.
O isolamento é excelente, tanto do frio como do barulho do vento. Foi
realizado um bom trabalho aerodinâmico pela Nexx; na base do capacete há
um pequeno spoiler ao longo da maioria do perímetro que ajuda a obter
silêncio e conforto dinâmico. Vamos seguros e quentinhos, mesmo com mau tempo.
O tecido Coolmax utilizado no interior é anti-alérgico e combate a acumulação de humidade nos dias mais suados. Podemos retirar o interior todo e lavá-lo para manter o nosso receptáculo craniano fresquinho e limpo. Excelente!
O X.T1 apresenta-se com um sistema de almofadinhas autocolantes que nos permitem ajustar o formato interior do capacete. A Nexx é um dos raros fabricantes que faz isto e este kit de afinação pode transformar um capacete que magoa passados 15 minutos num que combina perfeitamente com a nossa cabeça, resgatando uma compra cara das garras do fracasso. Há ainda um sistema de remoção dos forros das bochechas em caso de emergência para minimizar as consequências de um possível acidente. A segurança nunca é demais!
O queixo ostenta uma entrada de ar que ventila a viseira, combatendo o embaciamento. A vitória não é total já que é possível embaciar a viseira em certas condições; no entanto, esta propensão cai dentro dos limites normais e aceitáveis. Duvido que exista um capacete fechado que não consiga ser embaciado com a viseira bloqueada.
A viseira é uma unidade robusta e sólida em Lexan, com molas fortes e uma actuação positiva, a roçar o bruto. Gosto. Quando bloqueada na posição fechada, há uma boa vedação contra o capacete para impedir a entrada de água; basta carregar no botãozinho central e a viseira abre ligeiramente em caso de velocidades mais baixas. Se a quisermos tirar para limpar as dedadas, o processo é ridiculamente rápido, chegando até a ser ainda mais fácil que no XR1.R.
Um truque impressionante desta beleza fosca é a viseira interior escondida. Estamos a falar de "óculos de Sol" que estão sempre connosco à distância de um toque, que nunca se perdem, nunca se esquecem, e dificilmente ficarão sujos ou riscados. A sério, deveria ser ilegal construir um capacete sem esta característica. É a perfeição quase absoluta, apenas levemente manchada pelo actuador na lateral do capacete (foto em baixo) que é um pouco chato de localizar. A visão panorâmica do X.T1 é soberba, tal e qual como no XR1.R.
O fecho micrométrico é uma adição bem-vinda pois revela-se bastante mais prático que o fecho de duas argolas. Esta foi uma das minhas "reclamações" com o XR1.R e é bom ver esta mudança efectuada - a fivela pode agora ser aberta e fechada tranquilamente só com uma mão.
De lado encontramos ainda uma pequena cavidade para o uso do sistema de intercomunicação
X-COM. Este sistema fica completamente integrado e escondido no capacete, em vez de obrigar à adição de uma caixa do lado de fora. Liga-se a telemóveis e leitores de música, claro, e podem conversar quatro pessoas.
O meu X.T1 funciona por fora e por dentro. Por fora, tem um estilo moderno e agressivo mas confortavelmente dentro dos limites da elegância. Considero-o agradável à vista, algo surpreendente se tomarmos em conta a minha forte inclinação retro. Por dentro, é muito confortável mesmo quando justo; inicialmente sentimos que vamos arrancar a cabeça quando o tiramos mas com algum hábito a colocação e retirada desta entidade esférica revelam-se não-eventos. É um prazer viajar com ele.
Os defeitos do X.T1 são pequenos e escassos. O tecido da face inferior foi-se agarrando ao velcro da gola do casaco e deteriorou-se um pouco. Também há uma pecinha triangular de remate por baixo do queixo que se solta de vez em
quando - tive que a apanhar do chão da rua um par de vezes.
CONCLUSÃO. Dificilmente conseguirei ser plenamente imparcial já que sou fã da Nexx. O meu quico do dia-a-dia é um XR1.R e gosto tanto dele que o substituí por outro exactamente igual. Os meus planos de teste para usar o X.T1 no Inverno e o SX.10 aberto no Verão fracassaram: o X.T1 é tão bom que foi usado o ano inteiro. É verdadeiramente uma peça primorosa, com o conforto, características, qualidade de construção e de desenho que se esperam de um produto de gama superior - e, infelizmente, tem um preço a condizer. Adoraria ver uma versão simplificada com metade do custo, certamente que seria um sucesso de vendas. Se estão à procura de um capacete fechado de gama alta, NÃO comprem nada sem apalparem este modelo; muito dificilmente encontrarão uma oferta estrangeira que vos satisfaça mais que o Nexx nacional.
(se estiverem interessados num capacete mais desportivo, espreitem o X.R2; se quiserem algo no plano adventure/trail, o modelo para vocês é o novo X.D1)