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9.2.09

Rodagem à bruta

Como fazer rodagem Vespa? <--- br="" busca="" de="" ihihihi="" isco="" motores="" para="">
Até hoje apenas tive a oportunidade de realizar duas rodagens, uma na GTR e outra na PX. Ambas seguiram a mesma filosofia: 500kms a andar devagar seguidos de 500kms a andar nas calmas. Ambas se revelaram aparentemente bem sucedidas. A estratégia de andar muito devagar ao longo duma grande distância parece fazer sentido, e os autocolantes de rodagem das Vespas antigas até mencionam 2000 quilómetros como o período crítico.

Pois este tipo tem uma ideia diferente. Dar-lhe gás logo no início. Passo a explicar: a potência de um motor de combustão interna depende grandemente da vedação eficaz da câmara de combustão, efectuada em parte pelos segmentos que estão em contacto com a parede do cilindro. Sem vedação, a explosão dissipa-se e não é convertida em movimento. Até aqui tudo bem.

Quando são novas, as superfícies das peças metálicas possuem uma certa rugosidade resultante dos processos de fabrico. Durante a rodagem a fricção entre peças adjacentes elimina essa rugosidade. Os motores antigos possuíam superfícies mais ásperas, que originavam bastante fricção e calor; assim, o motor tinha que ser pouco esforçado durante o início de vida. Ora acontece que a tecnologia de fabrico actual proporciona peças com superfícies muito mais lisas, com uma menor rugosidade que desaparece rapidamente.

É agora que fica esquisito. Essa rugosidade superficial funciona como uma lima que ajusta a superfície exterior dos segmentos à parede do cilindro, de maneira a que encaixem perfeitamente e haja uma boa vedação. Ora, como essa rugosidade desaparece rapidamente nos motores modernos, existe uma pequena janela de oportunidade para "assentar" correctamente os segmentos. Quão pequena? O gajo no site diz 30 quilómetros.

Se pouparmos um pistão novo nos primeiros quilómetros, os segmentos limitam-se a andar para cima e para baixo perdendo rugosidade, e a janela de oportunidade desaparece num instante: a vedação não ficará perfeita e ficaremos com um motor lento. A ideia é puxar pelo motor (seguindo um certo plano) nos minutos iniciais para que a pressão da explosão empurre intensamente os segmentos contra a parede do cilindro (o efeito de mola dos segmentos exerce pouca pressão contra o cilindro) de maneira a que estes acamem antes que se perca a rugosidade. Nos motores antigos a rugosidade extra oferecia um período de ajuste prolongado que se proporcionava a rodagens longas, mas tal já não acontece.

Até aqui é tudo teoria sacada da internet, com a validade (ou falta desta) inerente. Talvez o pessoal das corridas esteja mais familiarizado com este tipo de rodagem que o pessoal das deslocações diárias ou dos restauros, e possa comentar. No entanto, a coisa pode não ser completamente descabida. Há algum tempo atrás estava eu a ler relatórios de investigações de acidentes de aviação (sim, eu sei, tenho hobbies esquisitos) e deparei-me com um estudo técnico sobre a rodagem de motores de pistão para a aviação geral. Como há vidas envolvidas, o assunto foi estudado ao "promenor", de maneira científica e objectiva. Ora uma das conclusões importantes era a necessidade de evitar temperaturas altas durante a rodagem (não forçar o motor) e de, simultaneamente, aplicar uma carga considerável no motor para acamar correctamente os segmentos. Andar a pisar ovos era tão mau quanto forçar a mecânica.

E se acham que tudo isto é complicado, esperem até eu vos falar do dinamómetro de 5 euros! :-) Não sei se estou interessado em fazer uma rodagem "de avião" numa scooter minha, talvez algum de vocês seja mais aventuroso?


Foto não relacionada de cilindro agarrado

[Humor: tenho curtido Chad Vader- Day shift manager- "It's Randy! Randy!"]