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29.3.07

Até me borrei todo

Hoje é Quinta-feira. Na Terça, estava eu parado no cruzamento entre a Rua Monte dos Burgos e aquela radial que vai dar ao Marquês. Era o primeiro da fila, e estava vermelho. Há um prédio na esquina que nos impede de ver a rua que vamos atravessar até estarmos dentro do cruzamento. O semáforo é longo e, passado algum tempo, engatei a primeira e fiquei à espera do verde. Um tipo numa acelera chegou e pôs-se à minha esquerda. O semáforo ficou verde e arranquei imediatamente, em frente. Entrei no cruzamento e vi pelo canto do olho um carro escuro aproximar-se directo a mim, pela direita. Antes sequer de ter tido tempo de ter medo, ele passou por trás de mim, sem bater na minha PX e na acelera por muito pouco.

Ouvi um apitar furioso dos outros carros e olhei para trás, a tempo de ver o carro escuro quase parado, talvez a tentar perceber o que se tinha passado. O tipo da acelera, esse, não tinha dúvidas: "aquele cabrão agora matava-nos aos dois!".

No dia seguinte voltei ao cruzamento para ver qual a tonalidade de laranja do semáforo que foi queimado pelo carro preto. Passam-se 7 a 8 segundos entre o instante em que o semáforo queimado fica vermelho e o instante em que o trânsito do meu sentido entra no cruzamento. Ou seja, o gajo não queimou o vermelho. 7 segundos é tempo demais. Ele ia era distraído ou algo do género e passou criminosamente pelo vermelho, conseguindo por milagre achar um espaço livre entre as duas scooters no início da fila, e os carros logo atrás. Até me borrei todo.

Hoje, Quinta-feira, passei novamente no cruzamento. Um carro batido e outro deitado de lado acompanhados por polícia e um reboque grande testemunhavam um acidente de grande violência. Fiquei assustado a pensar no que poderia ter acontecido na Terça-feira, mas não tão assustado como no próprio dia. Nem chegou lá perto. Carpe Diem.

24.3.07

6+2 Horas de Resistência Vespa

Nunca tendo assistido a uma prova de Resistência Vespa anteriormente, é com excitação e ansiedade que me levanto da cama e inicio o já familiar trajecto Porto-Leiria. É sempre a mesma coisa, 200 kms, 3 horas, um depósitozito. Ou será que não?

Ali ao pé de Cacia, quando a EN109 desemboca no IP5, as torres da linha de alta-tensão têm cada uma um ninho de cegonhas no topo. Pois as bichas andam todas atarefadas nas limpezas da Primavera e uma delas passa majestosamente à minha frente, carregando uma mão cheia de erva no bico. Um bico cheio de erva, portanto. Mais à frente, é um falcão que se cruza comigo, levando um ratito morto para servir de refeição. Ainda mais à frente, cruzo-me com outro animal típico do parque vespista nacional, infelizmente cada vez menos observável no seu habitat natural: a Vespa Coçada De Agricultor Idoso Com Atrelado E Pára-Brisas (nome científico Scooterium Ruralis Lusitaniae). Podem ver outro espécime aqui.

Chego a Leiria e tento ligar ao LTB para irmos todos para a almoçarada. Uma voz feminina repete mecanicamente que o utilizador não está disponível, eufemismo para inexistência de rede. Enquanto fumo uns cigarritos em compasso de espera, reflicto sobre o convite irrecusável que o LL me fez há 40 horas atrás e que fui obrigado a recusar, com imensa pena, devido a problemas incontornáveis de logística: um lugar numa equipa completamente chave-na-mão. A única coisa que eu tinha que fazer era aparecer e pilotar a Sprint 166 preto-fosco. Atiro a beata ao chão com violência. "Raios!... Bem, para o ano há mais...".

Comunicação conseguida com o LTB, sou redireccionado directamente para o kartódromo onde a prova já decorre com máxima intensidade e onde o catering Maia acalma o meu estômago esfomeado. Logo à chegada, o CDI da minha PX é usado para diagnosticar a Vespa da equipa do Jony, que estava comatosa. Não era do CDI, provavelmente seria do prato que no entanto já tinha sido substituído e, mesmo assim, não funcionava. Mais tarde, a Vespa conseguiu regressar à pista, se bem que com performances modestas.

Toca a subir e descer as boxes a cumprimentar a malta. Ena, tantos Bitubos. As paragens nas boxes para troca de piloto ou reparações mecânicas imprevistas de maior ou menor dificuldade sucedem-se com refrescante regularidade, o que combinado com a acção na pista fornece motivos de constante interesse e emoção a todos os espectadores. Siga a tirar fotos, é o que eu faço, raio de máquina estás mesmo a dar as últimas.

A pista parece divertida de fazer numa Vespa normal, quanto mais num dos maquinões super-preparados com elevado potencial de encorrilhamento de asfalto que por lá andam. Rapidamente ganho o hábito de tapar os ouvidos sempre que vejo a 50s cinzenta, aquilo parece o Concorde a passar na recta e não me refiro ao aspecto nem à velocidade. Também ganho o hábito de olhar com atenção antes de me mexer pelas boxes, os pilotos estão sempre a passar e não creio que haja limite de velocidade. Alguns espectadores não concordam comigo e deambulam distraídos indiferentes ao perigo. Talvez seja esta a única falha grande da organização.

Olho com atenção para as várias Vespas e divirto-me a observar os pormenores e as várias filosofias de preparação, e estilos de condução. Olho com redobrada atenção sempre que passa a Sprint preto-fosco do Lazy Team, com uma elegância insuperada por qualquer outra. Até o barulho do escape era contidamente poderoso, sem necessitar de berrar aos 4 ventos para anunciar com firmeza e confiança a sua passagem. Não posso evitar, sou um gajo de Sprints.

O dia progride impulsionado à força de rotações dos pequenos motores italianos e até o Sol é obrigado a baixar e a desaparecer. Com as luzes do kartódromo ligadas, já se começa a olhar para o relógio e para o écran das classificações com maior frequência e preocupação. Jogam-se os últimos cartuchos, dá-se tudo por tudo. É agora ou nunca, só temos que temer o próprio medo. 10 minutos antes do fim, o Faveca sai bastante largo na entrada da recta. Já outros tinham feito o mesmo com efeitos interessantes nos espectadores, mas conseguiram recuperar logo e voltar ao preto. O Faveca vai lançado pela berma com a traseira a rabiar e creio que roçou em todas as pilhas de pneus ao longo de 20 metros, flirtando descaradamente com o desastre. Aos pinchos, recupera habilmente o controlo e segue como se não se tivesse passado nada. Mãezinha. Foi o meu momento do dia.

Acabam as 8 horas, ganha um dos foguetes de Cabeço Verde, siga a arrumar. As massas de ferramentas, peças, capacetes e fornecimentos variados que se encontravam espalhadas descuidadamente no chão desde manhã desaparecem num piscar de olhos, sugadas por uma procissão de carrinhas que se dirige qual seta certeira para o jantar em Leiria. Vazio e silencioso, o kartódromo parece ainda ressoar com o barulho dos escapes sobre-aquecidos, debaixo de um fino véu de fumo azulado que se dissipa lentamente sob a luz amarela dos holofotes. Apenas algumas anilhas, bocados de cabos e uma ou outra mancha de óleo provam a existência da corrida. Já acabou.

Morfagem industrial, noitada no bar sob o alto patrocínio sonoro do Professor X, abancamento cortesia de Kat e LTB, decisão do núcleo old-school de promover o Tunes de newbie a membro do núcleo old-school (passando o Jony a ser a nova bitch), alvorada tardia conjugada com mudança da hora proporcionando almoço às 4 da tarde, expedição de recolha de peças com o Bibi, mini-passeio com o Marrazes e o Renato, siga para o Porto antes que fique muito escuro. Minhas fotos aqui. "Só pode ter sido do óleo, trocámos tudo do retentor para fora!"

(um agradecimento especial à Kait e ao Little Poser Boy pelo empréstimo do sofá e pela hospitalidade, e ao LL pelo convite extremo)

10.3.07

Saturday Scootering II + VBBob

Repetiu-se o encontro informal de scooteristas do Norte aqui no Porto. De novo, o pessoal reuniu-se Sábado às 14.30 na rotunda da anémona, ao pé do edifício transparente. De novo esteve bom tempo e todos se divertiram. O número de participantes diminuiu mas, sendo apenas a segunda edição da "cafezada", 'tá-se bem. A malta há-de ganhar o hábito. Vai haver outro dia 7, apareçam.

Não tirei muitas fotos (apenas a esta ponteira de escape peculiar) e já não me lembro bem de quem foi, mas sei que foi a estreia pública da minha VBB. Depois de longos anos em armazenagem à espera do desencravamento dos documentos, a coisa lá se resolveu e mais um par de pneus roda 8 acariciam o asfalto nacional (e o paralelo, e a terra, e a bosta de cão, e os trilhos dos eléctricos, e o raio do buraco que já lá está há 3 anos, ande soi óne, ande soi óne.

Fotos do estado inicial em baixo. Reparem nas buzinas de ar (duas!!) atrás do avental, no retrovisor rectangular XL, e na abraçadeira disforme que agarra na base do guiador. O escape montado apresentava um design artesanal de secção oval, e foi habilmente construído em aço inox. O fusível foi soldado para aumentar a sua durabilidade (ainda bem, não sei porque não os fazem mais resistentes [irónico]). As letras LT da matrícula são feitas em madeira!! Estão tão perfeitas que só me apercebi disso recentemente, e porque a tinta está a estalar. Letras em madeira, uau...




Não vos mostro uma foto da face inferior do estrado porque está bastante podre, ainda ficavam com pesadelos. Também há corrosão grave nas laterais do túnel, no sítio do pousa-pés. A minha Rally também trazia pousa-pés e também está muito maltratada exactamente no mesmo sítio, entre o pousa-pés e o túnel. Será que há relação causa-efeito entre os dois?

Já com os documentos em ordem, seguiu-se uma limpeza completa e verificação mecânica. Pneus novos, cabos novos, óleo novo, verificar travões e luzes, o básico. A pintura foi polida e ficou com um tom e uma patine adoráveis, se bem que a cor já não seja a original. Tirei o suporte de pneu suplente que "corta" muito as belas linhas da traseira da VBB e fabriquei um estilo GS, entre as pernas. Saiu bastante bem, estou contente- "já são muitos anos a virar frangos!". Não sou grande apreciador de palas nas Vespas, mas decidi deixar ficar os dois exemplares que dizem "Vespa" na minha VBB. Dão-lhe uma certa elegância e são testemunho do seu passado em ambientes rurais.


As buzinas foram logo a primeira coisa a sair fora quando a comprei (junto com o retrovisor, escape e pousa-pés) deixando vários furos de fixação no avental e na coluna. Por baixo das capas amovíveis dos bancos encontram-se os estofos originais, mas estão remendados por se terem rasgado. Lavei as capas e recoloquei-as, gosto bastante das suas cores de preto e castanho. Também aprecio muito o emblema do avental que, creio eu, se refere a uma companhia de seguros. Notem que o emblema já dispõe de dois furos para sua fixação (imediatamente por cima da primeira e última letra), mas que o dono anterior decidiu fazer outros dois furos para segurar o bicho. Enfim, são só mais dois...

Outro pormenor absolutamente delicioso são as riscas "à la electronique" nos balons, estando o lado esquerdo ornamentado com os dizeres VESPA numa fonte bastante moderna para a época. Mais 5 kmh de velocidade de ponta. Apesar da sua extrema maturidade mecânica, este exemplar de um dos mais perfeitos modelos da nossa marca italiana preferida pega e acelera com uma vontade e gosto surpreendentes para a sua idade. Adoro a minha bêbêbê.

1.3.07

Fotos várias

Aqui vos apresento algumas imagens giras que vão aparecendo no decurso das inevitáveis deambulações ciberespaciais: um farolim de Vespa em formato de caveira de macaco (a boca será a luz de presença e os olhos a luz de stop?), um frame dos Simpsons com o Krusty a mostrar o seu álbum Krustophenia (os Simpsons rulam), e uma Vespa loooonga e baixa. Que raio de tamanho será aquela roda dianteira?