Sexta feira a seguir ao almoço desci eu à garagem, onde cumpri o longo ritual de amarrar a mochila e vestir o equipamento todo: calças de neve do Lidl, cinta, lenço, luvas, casaco, capacete, tudo bem apertado e conjugado. Sentindo-me como um cruzamento entre o Bibendum e o Hindenburg, lá espremi suficiente mobilidade para conseguir tirar a PX do descanso. "Mas que raio... Isto não anda?". Pneu de trás furado.
Toca a desamarrar tudo e a trocar a câmara de ar num instante. As mãos foram lavadas com WD40 e as feridas desinfectadas com massa consistente. Meia hora depois, fiz-me à estrada. A29, N109, IP5, N231, e eis que surge a Serra na sua imponência. Atravessei-a acompanhado pelo pôr do Sol, dando guinchinhos de entusiasmo a cada curva, a cada paisagem. Todos se encontraram na pousada da Juventude.
Depois duma noite mal dormida, o passeio. Cumprimos as nossas obrigações turísticas na Torre e na neve, e atirámo-nos de alma e coração às magníficas estradas que cruzam o parque natural como uma teia, muitas delas em terra batida, num isolamento extra-terrestre. Curvas, curvas e paisagens. Que curvas, céus! Que paisagens! Tentar descrevê-las seria desrespeitoso. O Sol esteve quase sempre presente, mas o mau tempo e o frio insuportável fizeram questão de deixar os seus cumprimentos.
Mais uma noite mal dormida, mais estradinhas soberbas. Almoço de 5 pratos e 2 sobremesas em Folgosinho, e siga para Norte em intercepção do IP5. Sempre em frente até à boa velha saída "Matosinhos/ Leixões". Dois lá em cima não são do grupo, marcianinho chama, toma lá a minha esferográfica para trocares o óleo. A última vez que fui à Estrela de Vespa, a PX ainda era azul. Não sei porque demorei tantos anos a lá voltar. Mais fotos aqui.