A CSCN fervilha de emoção com a iminente chegada das LML a 4 tempos! Vítima inocente de toda esta actividade é o ignorado facto que as scooters clássicas com motores 4T já existem desde o século XVII, na pele das Heinkels e semelhantes, e que outras marcas já viajam nessa estrada há muitos anos, tal como a Bajaj.
Podemos aqui apreciar a solução escolhida pelos engenheiros da Bajaj para duplicar o número de tempos. O motor mantém a sua configuração básica e elegante que funcionou bem durante cinco décadas; acho que é a própria cambota que comanda as hastes que sobem pelo cilindro acima para actuar as válvulas, num exercício de simplicidade que teria agradado a Corradino (edit: afinal as válvulas são comandadas por corrente e não por hastes) .A alteração mais visível é mesmo a transformação da tampa da embraiagem num terceiro cárter interior. Ainda parece um motor de Vespa, mas a 4 tempos. A chaparia exterior, no entanto, pode ser arquivada em A, de "aborto".
O motor da LML, pelo contrário, parece que foi desenhado nas costas de um envelope. Se lhe tirarmos os familiares kicks e selector externo, ficamos com um cubo metálico rodeado de peças soltas e fixo a uma cova do motor mutilada por meia dúzia de traves de aço de aspecto aleatório. (Edit: a traseira agora é suportada por uma estrutura de tubos e a chaparia dessa zona é apenas uma pele que aparafusa no sítio)
É claro que esta é uma crítica mais filosófica e estética que funcional. Estou confiante que será um motor fiável e que a scooter se comportará bem; com os balons colocados manterá na quase totalidade a elegância exterior herdada da mítica série P. A beleza interior perdida não incomodará os milhares de compradores entusiastas que, certamente, retirarão muito prazer da LML 4T- e é este, certamente, o critério de sucesso de uma scooter clássica. No entanto, como purista, não consigo deixar de sonhar com uma LML com motor de Bajaj... Uma LMajaj... Ou Bajlml... Essa é que seria a verdadeira sucessora moderna da Vespa clássica.