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14.12.17

Publicidade e fotos Casal

Na mesma exposição da posta anterior podia ser apreciada uma colecção extensa de publicidade, recortes de imprensa e memorabilia associados às marcas de motociclos nacionais. Sou fã da Casal por isso só vão ver fotos ligadas à marca da Taboeira a seguir a este parágrafo. Lamento, fãs da Famel/ SIS/ Fundador/ Pachanço/ Vilar/ Montagens do Sr. Zé da Oficina de Cebolais de Baixo, mas deviam ter ido à exposição.

Começamos com um gráfico motoqueiro numa t-shirt, OK? OK.


Aparentemente a Casal tinha um jornal interno, o "motonotícia", onde proclamaram a K260 como a primeira motocicleta inteiramente construída em Portugal. Não devem ser muitas as que se podem gabar disso...




Alguma história da Casal nesta parede, que se socorre do mesmo livrete de Manuel Ferreira Rodrigues que eu usei para contar a história da marca na Scoot! Magazine.


A foto é retirada duma brochura de mais um modelo Casal...

 

 ...mas o interessante é a Carina no fundo, parada no cruzamento que levaria à fábrica materna. Se tiver que adivinhar, palpito que se trata da Estrada Nacional 109, no sítio onde é agora o Jumbo e a Decathlon, construídos nos terrenos das instalações demolidas da Casal.

 
Fazendo zoom na Carina, observam-se as letras CMA no guarda-lamas que poderão significar - aposto dinheiro nisso - Câmara Municipal de Aveiro.


Tudo que é Casal e Casal Carina aqui, vale a pena espreitar.
   

11.12.17

Casal Carina com 29 quilómetros

Já todos ouvimos as histórias da Casal Carina nova que estava num stander que fechou ou que nunca foi vendida e que ficou a apanhar pó durante algumas décadas, certo? Pois deve ter sido algo semelhante o que aconteceu a este espécime de 1969 presente na deliciosa exposição Motos de Portugal, e cujo odómetro registava uns meros 290 hectómetros. Ficam aqui algumas fotos para entreter os entusiastas, educar os interessados e ajudar todos os que estejam a restaurar uma Carina.









 

    

6.12.17

Os 11 tipos de Vespistas num passeio de grupo


Em cada concentração ou evento Vespista dignos do nome existe uma actividade tão emocionante quanto perigosa, o passeio de grupo. Centenas de Vespistas, possuidores de Vespas e habilidades díspares, acomodam-se numa pequena porção de asfalto e tentam operar os seus vetustos veículos na mesma direcção geral com níveis diferentes de sucesso.

Este cardume caótico, que parece subsistir numa dimensão alternativa onde as regras básicas de segurança na estrada e o senso comum não existem, reveste-se de uma natureza cíclica e imutável pontuada sempre pelas mesmas 11 personagens perenes, agora fáceis de identificar utilizando este prático e desopilante guia da Horta:

  • os avarias. Cabo rebentado, motor que não pega ou escape solto, é vê-los parados na berma com mais precisão que marcos quilométricos. Não trazem ferramentas.
  • os corta-curvas. Viajam tranquilamente ao teu lado na faixa, cumpridores e estáveis. Até chegarem à curva e entrarem em modo Valentino Rossi, atirando-se para cima de ti para poderem beijar o apex e retirar meia décima ao seu melhor tempo dos treinos de qualificação.
  • os bloqueadores. A massa somada de condutor e passageiro combinada com um motor anémico, uma embraiagem recalcitrante e a falha em operar atempadamente a caixa de velocidades leva à paragem súbita e inesperada no meio da curva mais apertada da subida mais íngreme, originando o caos no pelotão. Demoram seis meses a arrancar novamente.
  • os salmões. O salmão tem sempre que se chegar um bocadinho à frente e ultrapassar mais uma Vespa. Vai subindo o rio lentamente e ninguém sabe porquê. Encosta-se às pessoas na fila da caixa do supermercado.
  • os faladores. Grupo de duas ou três Vespas que se sentem obrigadas sob pena de morte a viajar lado a lado, e a conversar ininterruptamente em andamento, numa formação instável e inquietante. Bloqueiam a estrada não deixando passar mais ninguém, e partem o grupo ao meio. Aposto que também falam ao telemóvel quando conduzem um carro.
  • os picas. Parecem ioiôs, sempre para cima e para baixo. Gostam de ultrapassar nas curvas e na linha contínua. Costumam sobrepôr-se com as duas categorias seguintes.
  • os megafones. Os escapes sempre cumpriram uma função de atenuação sonora, mas estes colegas decidiram-se antes pela amplificação sonora. Os seus motores ouvem-se três freguesias ao lado, e coitado do tipo que se vir bloqueado atrás deles num passeio de três horas #perdadeaudição. Geralmente viajam em pequenos grupos.
  • os fumarentos. Ninguém gosta mais do cheirinho a óleo 2T do que eu, mas os fumarentos exageram. As suas traseiras extrudem uma cortina palpável de cheiro gorduroso que deposita uma película pegajosa no meu capacete, deixa a minha roupa a cheirar a peixe frito, e dá-me dor de cabeça. Não reciclam.
  • os fotógrafos. Sentem obrigação de registar cada curva e cada paisagem porque se não houver foto na rede social não aconteceu. Não é necessariamente incomodativo - patológico, sim, mas não incomodativo - excepto quando decidem travar brusca e inesperadamente, parando apenas com o pezinho na berma e o resto todo da scutra na faixa de rodagem estreita por onde têm que passar mais 200 Vespas. E a foto sai torta.
  • o puto numa 50 de origem. Há sempre um puto numa 50 de origem.
  • o Vespista perfeito que se comporta exemplarmente num passeio de grupo. Sou eu. Só eu, mais ninguém.
Categoria bónus: o páraquedista que aparece de BMW GS ou Suzuki Burgman. Ide rolar, meus filhos.
 

26.10.17

Bob tenta estofar um banco de Vespa, parte 3

Com o grosso da costura feita (parte 2 aqui) entramos nos acabamentos e montagem. A "pega" do passageiro é só um bocado de tecido com uma fita de nylon dentro. Os cravos estavam tão podres que saíram à mão.


O nylon era espesso demais para costurar por isso colei uma tira de tecido à volta da fita com cola de contacto. #snifarcola


Agrafei o nariz no sítio para poder prender a dobradiça com parafusos. Podia agrafar tudo antes e prender a dobradiça com rebites, mas teriam que ser rebites bastante grossos e depois ficava com os pulsos a doer que o meu alicate de rebitar é dos baratos.


Estica-se bem para diluir os erros e agrafa-se a toda a volta. Para prender a pega fui obrigado a retirar alguns agrafos do meio porque há uma anilha (a de "ombros", que parece um chapeuzinho, aquela que quase perdi no meio da rua) que fica por dentro da espuma e apoia a fivela cromada. #nãofoigrave

E cortei um buraco para a fechadura.


It's done, bitches! Tendo em conta as costuras medíocres que fiz, até tem um aspecto aceitável. Só ao longe, porque os pontos revelam rapidamente o amadorismo extremo da coisa se se olhar de perto.


Valeu a pena o investimento de tempo e dinheiro só para não comprar uma capa feita? Para mim, que gosto de aprender técnicas e usar ferramentas novas, sim, e o próximo banco é grátis e correrá muito melhor. Para o Vespista médio, nem pensar.

Pode uma pessoa normal fazer uma capa decente para um banco de Vespa? Depende da definição de "decente" mas eu diria que não. Para ficar uma coisa aceitável é necessária alguma experiência (não pode ser o primeiro nem o segundo banco) e desconfio que uma máquina de costura industrial que consiga avançar várias camadas de napa sem falha é quase imprescindível.*

*o verdadeiro artesão coloca sempre a culpa nas ferramentas
   

25.10.17

Bob tenta estofar um banco de Vespa, parte 2

O mecânico ligou-me a avisar que a máquina de costura já não estava agarrada (parte 1 aqui) e lá fui buscá-la alegremente, totalmente alheio ao facto dos parafusos todos da Operação Bob Estofador ainda estarem pousados no estrado da PXizér. :-O

Só me dei conta do facto à frente do mecânico, e já faltavam peças quando lá cheguei. Felizmente, ao voltar a casa, estava o material em falta ainda no meio da rua, um parafuso cónico e uma anilha com um ombro; dava para desenrascar mas é fixe não andar a semear parafusos pela estrada fora, de um modo geral.


Agora a parte da costura propriamente dita. Uni o painel da frente ao painel grande com alfinetes, de modo a que as linhas dos moldes se sobrepusessem. Ora isto não é fácil. Só consegui unir metade da cena até o conjunto tridimensional resultante se tornar impossível de manejar e cheio de picos afiados virados para todas as direcções.


Em retrospectiva não devia ter começado com a zona da frente, já que a curva apertada no meio é um pesadelo. O resultado foi uma bela cagada.


Sabem quando estamos a pintar a spray e começa a correr mal com escorridos e gorduras e tentamos resolver atirando mais tinta para cima do problema? Foi estilo isso que fiz mas com costuras de alinhamento duvidoso.


Vamos tentar o painel de trás, que tem uma curva menor.


 Ah! Assim sim, afinal não sou um incompetente total!


As abas resultantes da união dos painéis são empurradas para um dos lados e cosidas nessa posição com uma costura paralela à primeira. Foi isso o que tentei fazer com o lado branco para cima mas correu bastante mal já que o tecido não ficou esticado. É preciso "abrir as nádegas" durante esta operação. Toca a cortar os pontos todos...


Tentei à frente, desta vez com o lado castanho para cima. Correu melhor até ficar sem linha a meio... Ainda pior, o tecido ficou encorrilhado e custava a avançar, o que resultou num tamanho dos pontos minúsculo. Ora isto é um problema porque, para além da estética arruinada, começa a fazer efeito picotado e criam-se zonas frágeis que podem rasgar no futuro.


Essas costuras paralelas das abas ficaram algo deste género.


Desgraça ou delírio? A conclusão da saga aqui.
  

13.10.17

Bob tenta estofar um banco de Vespa, parte 1

O estofo da PX está todo rachado graças aos vincos que aparecem por baixo das coxas, e tal tem impreterivelmente que ser remediado antes do Inverno! "Não pode ser assim tão difícil fazer uma capa nova", pensei eu, "já fiz uma bolsa de ferramentas e tudo."

Uma ida à baixa depois, encontrei-me proprietário de um belo pedaço de napa castanha.


Para desmontar o banco é só desapertar os parafusos da dobradiça. Para retirar a capa de tecido é necessário remover umas dúzias de agrafos, levantando-os ligeiramente com uma chave de fendas primeiro, e puxando-os com um alicate segundo.

A meio do processo decidi que precisava de comprar um agrafador. Já vi estofos colados mas desconfio que não dará para esticar bem a capa, agrafos serão preferíveis #palpite. Há mais uns parafusos pequenos que fixam a fechadura e, por trás desta, encontra-se uma chapa ferrugenta. :\


A dobradiça está rebitada à base de plástico e tem que ser retirada para se obter acesso aos agrafos do nariz do banco, que estão escondidos pela dita. Quando chegar a altura da remontagem, só poderei re-rebitar a dobradiça depois dos agrafos estarem colocados - pelo menos os do nariz.

Nesta foto nota-se uma "saia" preta que existe em todo o perímetro da capa na zona inferior onde ela dobra para dentro do banco, e que também está presente na capa antiga (vê-se bem na primeira foto). Não sei para que serve, talvez seja para facilitar a dobra ou para o interior do banco ficar todo preto... De qualquer modo, é uma característica que irei eliminar.
 

Sai a dobradiça e pode sair a capa. O interior de espuma está só pousado na base de plástico e a desmontagem está completa.
 

Posso agora desfazer as costuras da capa para a reduzir aos seus painéis básicos: o grande do meio, um pequeno à frente no nariz, e o painel de trás que é o que todos vêem quando passo por eles com o meu g'anda barrote.


Fiz moldes dos três painéis.


A seguir viria a parte da costura mas a máquina avariou instantaneamente, facto ao qual eu posso não ser completamente alheio #fail. Montei tudo outra vez, prendi a capa antiga dos ETs com meia dúzia de agrafos (era a única que ainda estava inteira), e levei a máquina de costura à loja.

Talvez haja uma parte 2.

(não tenho uma tag para banco ou assento, incrível)
    

28.9.17

Mini-review do kit de machos do Lidl


O bom:
- é barato, 12€99 creio. Comprei este kit mais pelas pegas para girar os machos e as tarrachas, já que comprar as pegas separadamente custaria o mesmo que o kit inteiro;
- tem um de cada. A lista de medidas incluídas cobrirá praticamente todas as necessidades de mecânica geral, e até inclui a obsoleta medida M7 que era utilizada nos parafusos do motor e do depósito das Vespas antigas.

O mau:
- a qualidade do metal. As letras HSS não são vistas em lado nenhum e, consequentemente, assume-se que o aço será do tipo "chinesium", mais quebradiço e menos durável que o aço utilizado em ferramentas de corte decentes;
- cada medida apresenta um único macho. Os machos costumam vir em conjuntos de três, com um macho cónico para iniciar o corte, um macho "normal", e um terceiro de acabamento ou de ponta cortada para furos cegos.

O veredicto:
- recomendado com condições. Comprem um destes se não tiverem nada do género, pois é um ponto de partida barato e abrangente, muito útil para limpar e consertar roscas. Se tiverem que roscar a sério ("roscar a sério", parece algo indecente), comprem o conjunto de três machos da medida que precisam (apenas 3 ou 4 euros numa loja de ferramentas) e usem as pegas do Lidl. Não se esqueçam de aplicar óleo e recuar com regularidade para evacuar as aparas.